quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Nos envenenamos lentamente todos os dias

O uso indiscriminado de produtos tem consequências imprevisíveis. Absorvemos diversas substâncias tóxicas diariamente de forma direta (ingestão, absorção epitelial, etc.) e de forma indireta (contaminação de água, solo).

Perigo para o organismo

Segundo pesquisa inglesa, as mulheres se expões no total a 515 substâncias químicas diariamente com cuidados pessoais: do creme dental ao sabonete de banho, passando pelo desodorante e perfume.

Cada vez mais, a preocupação com a toxidade dos produtos químicos tem levado o consumidor a procurar uma forma mais consciente de utilizar tais produtos. Dentre os principais componentes químicos a evitar, estão os sulfatos, parabenos e petrolatos (produtos cancerígenos presentes na maioria dos produtos de beleza, principalmente em shampoos, sabonetes e condicionadores). Outro produto preocupante são os metais pesados, como chumbo, presente em corantes de esmaltes  para unhas (também possuem ftalato, substância associada à malformação e ao desenvolvimento das crianças, igualmente encontrados em sprays capilares) e maquiagens. O alumínio está presente nos sprays.

Ser exposto a tantos compostos estranhos à pele e ao organismo pode ter um custo à saúde. A pele é um órgão super absorvente, sem capacidade de filtrar a substância que entra em contato. Os cosméticos têm a capacidade de se acumular na pele. Quanto mais usamos, mais absorvemos seus compostos.

Segundo um estudo do Instituto de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos, dos três mil produtos sintéticos usados em cosméticos, 900 são tóxicos e não deveriam ser consumidos, entre eles o alumínio, a amônia, o chumbo, o clorofórmio, os conservantes, os corantes artificiais, o ftalato, o mercúrio, óleos minerais, os parabenos, petrolatos, sulfatos.

Alguma vez você já se perguntou por que recomenda-se que gestantes e lactantes não se exponham a determinados produtos (privam-se da pintura dos cabelos, esmaltes de unhas, entre outros)? Óbvio, pois prejudica o feto. Mas isso apenas confirma o efeito super absorvente da pele e o efeito cumulativo dos produtos em nossos organismos.



Perigo para a natureza

A produção industrial gera resíduos que são despejados diretamente na natureza, após tratamento ineficaz. Ainda sobre a natureza, a contaminação de solos, águas de rios e lençóis freáticos não é exclusividade do setor industrial. A agricultura latifundiária é responsável pela contaminação do meio ambiente por pesticidas e fertilizantes, que chegam ao nosso organismo através da ingestão de resíduos químicos em alimentos. 

O uso de produtos de origem animal em cosméticos é muito mais comum do que imaginamos: o colágeno é extraído da pele e medula de animais, principalmente suínos. A criação de animais de pastoreio exige uma grande área pastada, sem cobertura vegetal relevante, que contribua com a recuperação ambiental. Utilizam-se ainda extratos placentários (líquido amniótico), células tronco, células vivas e DNA, esperma, glândulas e sulcos glandulares (como o ácido hialurônico), gordura, elastina (em animais jovens), e até o vômito (o de baleia é matéria prima para os fixadores de perfume). Além disso, diversas produtoras de cosmético realizam os testes em animais antes de iniciar testes dermatológicos em humanos. Mas esse detalhe não é privilégio das indústrias cosméticas: a indústria farmacêutica tem grande participação nisso.


Histórico do uso dos cosméticos

Você já se perguntou como as pessoas lavavam os cabelos antes de existir o shampoo?  E quando a industria resolveu produzir cosméticos, o que existia? Para isso, talvez seja interessante saber um pouco da história dos cosméticos (se não se interessar, pule o texto em cinza).

Registros históricos apontam que a 30 mil anos os humanos já pintavam o corpo e se tatuavam, usando terra, casca de árvores, seiva de folhas e orvalho. O asseio corporal foi identificado em escavações arqueológicas na Mesopotâmia, mas tudo indica que os egípcios que difundiram o costume de utilizar produtos cosméticos (óleo de castor como balsamo protetor, sabão perfumado a base de cinzas e argila, khol - avô do lápis de olho - feito de minério, extratos vegetais, etc.). Na Grécia antiga, os banhos eram valorizados e já se usavam cremes hidratantes a base de uma mistura de cera de abelha, óleo de oliva e água de rosas.

Na Idade Média, o rigor do cristianismo reprimiu a prática higiênica e atos que exaltassem a beleza, sob pena de punição por vaidade (um dos pecados capitais). Difundia-se o conhecimento de que os males do corpo só poderiam ser curados com a intervenção divina, e assim o uso de cosméticos desapareceu completamente. As pessoas tomavam um banho por ano nesse período: a higiene pessoal resumia-se a lavar as mãos e o rosto antes das refeições e limpar os dentes com um pano. Acreditava-se nessa época que a água deixaria a pele suscetível a doenças, já que abriria os poros, permitindo a entrada de doenças. No entanto, os países da Península Ibérica (Portugal e Espanha) mantiveram os cuidados pessoais por influência dos Muçulmanos, que invadiram e ocuparam a região.

No século XIX, os cosméticos retomaram a popularidade. Eles ainda eram feitos em casa, e cada família tinha suas receitas favoritas para preparar sabonetes, água de rosas e creme de pepino. Na década de 1870 a lanolina purificada e a vaselina foram introduzidas nas fórmulas de cremes. Após a Segunda Guerra, quando as mulheres se inseriram em larga escala no mercado de trabalho, os cosméticos passaram da produção caseira para fabricação em quantidades maiores,já que elas não tinham mais tempo para produzi-los em casa. Paralelamente a esse fator, o progresso tecnológico e os conhecimentos científicos contribuíram decisivamente para o desenvolvimento de numerosas fórmulas de preparações mais eficientes e baratas


A Indústria Cosmética no Brasil se iniciou em 1801, com o funcionamento de fábricas de sabão, de modo a evitar a importação de artigos caros. Quando a Família Real Portuguesa se mudou para o Brasil, trouxe os costumes copiados dos franceses, como o uso de perfumes. Assim surgiram as perfumarias. Começaram a ser vendidos (a um custo muito elevado) produtos como essências, sabonetes, escovas, esponjas, adornos de toucador, vidrinhos de cheiro, espelhos, perucas, tinturas e cosméticos e o pó de arroz. Até o fim da década de 1880, as casas -em sua maioria -não tinham banheiros e não existia um uso intenso de produtos de beleza.

Só depois das Primeira e Segunda Guerra Mundial que houveram grandes mudanças na forma de consumo dos produtos cosméticos: tomou-se uma nova noção de asseio e limpeza corporal alavanca a produção e o consumo de um número sempre crescente de cosméticos e produtos de higiene. O surgimento da rádio e posteriormente da TV contribuiu para a popularização dos novos hábitos e promoção dos produtos cosméticos. 

Alternativas naturais

A preocupação com a saúde e o meio ambiente, as pessoas tem resgatado as receitas de família do século XIX, ou se baseando em costumes tribais e de civilizações que preservam o conhecimento e costumes tradicionais. A redução do uso de produtos químicos estão sendo cada vez mais frequentes, iniciada pela corrente low poo/no poo e produtinhos vegan. As receitas caseiras das nossas avós estão voltando a circular. 

Receitas utilizando glicerina ou glicerol (liquido viscoso, sem cor e nem cheiro, que pode ser diluída em agua ou álcool, menos no óleo. Ver http://www.comicb.com/como-fazer-glicerina-vegetal-cara-soap/) permitem que você possa fazer em casa um sabão artesanal sem sulfato (o sulfato é usado apenas para produzir espuma e retirar excessivamente o óleo natural. A glicerina por si é limpa e hidrata a pele e cabelos). Também dá para lavar os cabelos com vinagre e bicarbonato de sódio (ainda não tive coragem de testar) e condicionar cabelos com babosa (aloe vera) ou iogurte (já testei a hidratação de iogurte natural, a umectação com óleo de coco e a reconstrução capilar com gelatina).

Ainda há a vertente dos que querem produzir a própria comida além dos produtos de cuidados pessoais (iniciei uma hortinha em julho, em casa e venho me esforçando para que ela cresça e eu possa colher pelo menos meu alface e temperinhos e tenho feito meu iogurte natural e coalhada em casa).

Produtos caseiros (do tempo da minha bisavó) para cuidados pessoais

Para os cabelos:
  1. Bicarbonato de sódio (lavar) e vinagre maçã (condicionar)
  2. Sabão de cinzas, argila ou glicerina (lavar cabelos e corpo)
  3. Gel de babosa, quiláia, erva sabão ou juá (similar ao co wash)
  4. Máscara de iogurte natural e mel (hidratação capilar)
  5. Máscara de frutas (hidratação capilar)
  6. Umectação de óleos vegetais (nutrição capilar)
  7. Gelatina (Reconstrução capilar) - Não é vegana. Produto de origem animal.
  8. Ovos (Reconstrução capilar) - Não é vegana. Produto de origem animal.
  9. Vinagre de maçã (Reconstrução capilar) 
Para o corpo:
  1. Sabão de cinzas, argila ou glicerina (lavar cabelos e corpo)
  2. Glicerina (hidratação cutânea)
  3. Iogurte natural (hidratação cutânea) - Não é vegana. Produto de origem animal.
  4. Emplastro de ervas e pepino (hidratação)
  5. Sal grosso (esfoliação)
  6. Sementes moídas (esfoliação)
  7. Argila hidratada (hidratação e esfoliação)
Para a saúde bucal
  1. Água Oxigenada (anti-séptico)
  2. Cúrcuma + óleo de coco (substitui pasta de dentes)
  3. Sal grosso (anti-séptico)
Desodorantes naturais e perfumes
  1. Desodorantes Caseiros - Receitas em http://melhorcomsaude.com/fabricar-desodorante-natural/
  2. Óleo essencial + água + álcool (Perfume natural) 

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